O seguinte portolio de fotografia resulta de sessão nocturna no litoral do Parque Natural Sintra Cascais, uma baía selvagem de escarpas imponentes que atingem 30 metros de altura, recortadas a pique até ao nível do mar.
Entre arribas ainda existem vestígios de antigas casas em ruínas, que testemunham outras épocas de pescadores que ali habitavam. Descendo por um vale que se precipita em cascata com as chuvas do Inverno, alcança-se a baía; enormes rochedos separados do maciço granítico formam vários pináculos ao largo da enseada, aqui a maresia é tão intensa e a paisagem idílica.
A lua em quarto crescente aparecia ténue acima do horizonte com as cores do crepúsculo, o ocaso da lua seria cerca das 22h.
Após o Pôr-da-Lua a escuridão quase total, sem nuvens no céu que são tecto reflector da iluminação dos povoados, apenas um brilho se mostra por cima das altas paredes rochosas, e vem de Sul.
A maré vazante já deixava contornar uma falésia alcançando uma outra baía separada pela zona de marés. E é precisamente nesta área que se revelam as piscinas de maré baixa abundantes em vida marinha; pelas 23h30 ocorria uma baixa-mar de 0,50 mt e um novo mundo se descobre na noite.
É de facto uma das marés mais baixas que ocorrem mensalmente nas fases de Lua nova, e é já bastante baixa considerando a amplitude da maré durante todo o ano.
A técnica de fotografia que utilizei na total escuridão, uma mão que agarra a pequena lanterna e ilumina o motivo, ao mesmo tempo que faz zoom e foco na objectiva, e com a outra mão controlo a câmara fotográfica. Toda a luz para obtenção destas fotografias recorre ao uso de flash externo, que pode ser utilizado em bounce flash, wireless remoto para luz lateral, e com o uso de filtros ou não.
A excepção é a primeira fotografia das pedras roladas, obtida manualmente pela sobreposição de duas fotografias (duas exposições consecutivas de 20 segundos) directamente no software da câmara fotográfica; em todas as imagens a edição digital é mínima, os resultados são praticamente os obtidos directamente no acto de fotografar.
Com a subida da maré e após algumas horas a fotografar surgem nuvens que reflectem tons vermelhos nas falésias. É hora de regressar à enseada a Norte antes que o mar suba tal que impeça a passagem. E reunir forças para a subida do trilho que me trouxe e ao Paulo Lopes, o meu companheiro desta jornada, afinal temos para cima de 150 metros de desnível até chegar ao ponto de partida…